segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Você, insônia e tormenta. 
Porque é que você faz isso comigo? Eu deitei ás 22:00 e agora já são 4:27 da manhã, e eu não consegui sequer cochilar. Sua ausência me atormenta, me rouba a paz. Eu me remexo na cama, bagunço o lençol e já atirei longe o travesseiro. Eu ouço barulhos estranhos, e me arrepio sem motivos. Eu me mexo e remexo novamente. Levantei, fui até a sala, peguei aquele meu livro antigo que abandonei na metade e tentei obrigar-me a continuá-lo, porém não consegui. Fui até a cozinha, tomei um gole d’água, e lembrei que meu remédio pra dormir acabou há 2 dias. Porque é que você faz isso comigo, hein? Me diz, garoto. Você foi embora e levou consigo minha paz, minha calma e minha alegria. Eu voltei á sala e tentei escrever, essa sempre foi minha escapatório, mas não queria fazer outro texto sobre você. Eu sempre exaltava demais suas qualidades ou seus defeitos, ou te deixava como herói ou como vilão. Que droga, menino, você me faz perder os sentidos, a noção, a razão. Amasso a folha e atiro-a na parede. Lá se foi mais uma noite sem dormir. Estou pensando em ligar para o Dr. Renato, mas neste momento ele está dormindo deliciosamente em Roma. Pensei em ligar para algum dos meus amigos, mas nenhum deles são meus amigos nestes momentos. Recordo-me de quando liguei pra Helena, depois de passar 3 dias sem dormir e ela não fez nenhum esforço para parecer interessada em me ajudar, fui grosseira, desliguei na cara dela e não nos falamos desde então. Eu não tenho pra quem ligar, nem com quem contar. Minha mãe entrou em pani quando liguei a primeira vez pra ela, desde então também não ligo mais. Droga, eu tô sozinha nessa e sequer posso dormir. Lembrei que tem uma farmácia 24 horas, á dois bairros daqui e decidi ir até lá para comprar meu remédio. Coloquei a calça jeans mais velha e uma camisa qualquer, prendi o cabelo num coque e fiz questão de não passar maquiagem. Quero chegar lá o mais destruída possível, pois estou sem a receita do lexotan e eles raramente — na verdade nunca — dão ele sem receita, a não ser que você pareça destruída, como no meu caso. Peguei o carro, e o trânsito estava totalmente parado. Ah, são 5 horas da manhã, lembrei-me. Cheguei lá. “Bom dia, posso ajudá-la?” “Espero que possa. Não, na verdade ninguém pode, todo mundo me abandona na primeira crise, ninguém fica do meu lado, ninguém me aguenta, ninguém fica perto de mim e ninguém fala comigo por mais de duas horas, ninguém.. “Moça, moça..” chamou-me, olhei pra ele. “De qual remédio você precisa?” “Lexotan.” “Tem a receita?” “Não.. eu.. bem.. acabei rasgando ela quando meu tratamento começou a dar certo e meu psicólogo tá em Roma, o que me impossibilita de pegar outra” “Tudo bem, tome aqui. “Quanto é?” ” São doze reais.” “Ok.” Eu paguei, e ia saindo. Yes, pensei mentalmente. “Hey moça.” gritou o garoto da farmácia, virei-me pra olhar. “Toma aqui duas cartelas de exodus, você tá precisando.” Voltei lá e peguei o remédio “Obrigada.” Qualquer outra pessoa ficaria ofendida, mas eu não.. pois eu realmente precisava. Peguei o carro e voltei pra casa. Tomei meu lexotan e deitei no sofá, 30 minutos passaram e nada. Tomei meu exodus. Tem que resolver, pensei. Finalmente. Estou ficando inconsciente. Adormeci. Droga, que barulho é esse? É meu celular. Senhor, é ele. Uma mensagem.. dele. “Eu sinto sua falta.” dizia. Um barulho mais alto e irritante grita. Acordei. Esqueci de desligar o despertador, é domingo, 6:15 da manhã. Deixei o celular de lado. Era um sonho. Só um sonho. Ah, mas que droga! Levantei, lá se vai todo o efeito dos remédios. Fui até o quarto, liguei o computador e mexi, remexi, vasculhei e investiguei tudo que podia sobre ele. Ele estava em Roma. Meu celular gritou novamente. 6:30 da manhã. Peguei-o e me assustei ao olhar melhor para a data. É segunda-feira. Segunda, trabalho. Trabalho, segunda. Mas e ele? Eu sei que foi ele quem me largou, mas e daí? Ele pode ter mudado de ideia, pode estar sentindo minha falta agora e está sem coragem de ligar, ou talvez o orgulho esteja lhe impedindo de correr atrás de mim. Quer saber? Dane-se o trabalho. Estou indo pro aeroporto. Eu vou pra Roma, baby. Eu vou atrás dele. Eu vou atrás do meu amor, da minha felicidade e das minhas noites de sono.”

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